Atriz Tônia Carrero morre aos 95 anos no Rio de Janeiro

A atriz Tônia Carrero morreu aos 95 anos no final da noite deste sábado (30, na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. Ela havia sido internada para se submeter a uma cirurgia simples, mas houve complicações e a atriz sofreu uma parada cardíaca. Atendendo a família a clínica não divulgou detalhes sobre a morte.

A neta da atriz Luísa Thiré, em entrevista à Globo News disse que o desejo da avó era de ser cremada e a cerimônia deve ser realizada na segunda-feira (5), após a chegada de familiares que vivem no exterior. Tônia nasceu dia 23 de agosto de 1922 no Rio de Janeiro, foi batizada Maria Antonieta Portocarrero Thedim e logo apelidada de Mariinha por seus pais, irmãos e amigos. Lutou para tornar-se Tonia Carrero. “Até bem pouco tempo era feio ser atriz.

Era pobre, triste ter na família uma mulher se exibindo no palco, na tela de cinema ou de TV”, contou em seu livro de memória O Monstro dos Olhos Azuis (LPM). Seu pai era militar e alcançou a patente de general. Seus irmãos seguiram a mesma carreira. Só ela, contrariando toda a família, inclusive a mãe, optou pela arte.

Aos 14 anos, conheceu o artista plástico Carlos Arthur Thiré com quem se casaria três anos depois e teria seu único filho, o ator Cecil Thiré. Ao completar 80 anos Tônia Carrero contou parte de sua vida no palco, no solo Amigas para Sempre, dirigido pelo gaúcho Luiz Arthur Nunes, autor do roteiro criado a partir de entrevistas.

No palco, revelou então nunca ter abandonado a ‘persona’ Mariinha – como continuou sendo chamada pelos íntimos – e relembrou com leveza e bom humor a festa que se tornara sua vida, já casada, na Ipanema da década de 40. Nessa época passou a conviver com intelectuais e artistas sobretudo na casa do escritor Aníbal Machado, pai da autora de Pluft, o Fantasminha, Maria Clara Machado. “Hoje não existe mais uma casa assim, ponto de encontro até para estrangeiros de passagem pelo Brasil”, relembrava em cena. Ali conhecera os poetas Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes, o maestro Tom Jobim, o músico Ronaldo Bôscoli e o cronista Rubem Braga. Muitos caíram de amores por aquela mulher de rara beleza, bronzeada pelo frescobol na praia.

No mesmo solo narrou, para delícia do público, a paixão do escritor de Rubem Braga por ela, ‘resolvida’ num namoro meteórico. E contou ainda que mesmo Drummond, o mineiro reservadíssimo, não resistiu ao galanteio ao conhecê-la na ‘casa do Aníbal’. Mas nem tudo era festa. Tonia tinha ambições. Formada em Educação Física, queria ser atriz, mas ninguém levava tal projeto a sério. Em uma época de raras escolas de teatro, deixou o filho pequeno com a babá e partiu para a França, onde fez um curso livre de iniciação teatral com Jean Louis Barrault.

De volta ao Brasil, fez testes, tentou atuar, mas ninguém lhe deu um papel. Só no cinema conseguiu atuar, no filme Querida Suzana, com direção de Alberto Pieralisi. Em 1949 volta a filmar, sob direção de Fernando de Barros, em Caminhos do Sul. Com ele, funda sua própria companhia teatral em 1949 e tenta convencer o ator amador e advogado Paulo Autran a entrar para o grupo. Mas ele não pretendia se profissionalizar, ganhava muito bem como advogado, estava satisfeito, o teatro era secundário em sua vida. Numa última cartada, ela pediu-lhe que estipulasse seu salário. Para se ver livre do assédio, Autran pediu um valor absurdamente alto, e ela pagou. Mais tarde, já consagrado, ele repetiria muitas vezes essa história, ao recordar sua longa carreira.

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