Horas depois de tomar posse como o 47º presidente norte-americano, Donald Trump reverteu 78 ordens executivas do democrata Joe Biden; concedeu perdão a 1.270 mil condenados pela invasão ao Capitólio e comutou as sentenças de outros 14; declarou emergência nacional na fronteira com o México; impôs os gêneros masculino e feminino como os únicos reconhecidos; classificou cartéis do narcotráfico como organizações terroristas e retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, documento que visa controlar as mudanças climáticas, e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Uma parte das ordens executivas foi assinada diante de uma multidão, no ginásio Capital One Arena, em Washington; outra parte, no Salão Oval da Casa Branca, que Trump voltou a ocupar depois de quatro anos. Nos próximos dias, o republicano deverá firmar uma ordem executiva para a deportação de milhões de imigrantes não documentados. O anúncio foi feito durante o discurso de posse, ao meio-dia (14h em Brasília) desta segunda-feira, sob a Rotunda do Capitólio, no mesmo local e quatro anos depois que a horda de simpatizantes invadiu a sede do Legislativo, em um ataque que deixou cinco mortos.
“Eles são reféns. Aproximadamente 1,5 mil receberão um perdão — completo”, afirmou Trump a jornalistas. O número foi corrigido para 1.270 pela Casa Branca, pouco depois. Os líderes dos grupos de extrema-direita Oath Keepers e Proud Boys também tiveram a pena comutada. Na presença de Biden e dos ex-presidentes Barack Obama, Bill Clinton e George W. Bush, Trump anunciou o início de uma “era de ouro” nos Estados Unidos. Foi quando prometeu deixar de fora dela os imigrantes ilegais. Para isso, avisou que contará com a ajuda das Forças Armadas para barrar a entrada de estrangeiros não documentados. Ao classificar o 20 de janeiro como “o dia da libertação” do país, o republicano afirmou que os EUA serão “a inveja de todas as nações” e antecipou as primeiras medidas.
“Hoje, eu assinarei uma série de ordens executivas históricas. Com essas ações, começaremos a completa recuperação da América e a revolução do senso comum”, anunciou, diante dos empresários mais ricos do mundo, como Elon Musk, dono da SpaceX e da Tesla; Jeff Bezos, dono da Amazon; e Mark Zuckerberg, fundador do Facebook. “Em primeiro lugar, declararei emergência nacional em nossa fronteira sul. Todas as entradas ilegais serão suspensas. Começaremos o processo de retorno de milhões de estrangeiros criminosos de volta ao lugar de onde vieram. (…) Colocarei fim à prática de pegar e soltar. Enviarei tropas para a fronteira sul, a fim de repelir a invasão desastrosa de nosso país”, acrescentou Trump.
Em tom messiânico, lembrou o atentado à bala sofrido em agosto passado, na Pensilvânia. “Eu fui salvo por Deus para tornar a América grande novamente”, declarou, ao dizer que, nos últimos oito anos, foi testado e desafiado mais do que qualquer presidente em 250 anos de história. Trump reafirmou as ameaças ao Panamá e ao México. Também avisou que instaurará tarifas para outras nações. “A China está operando o Canal do Panamá. Nós não o demos à China, nós o demos ao Panamá, e estamos tomando-o de volta”, anunciou. “Em breve, nós mudaremos o nome do Golfo do México para Golfo da América.” Neste momento, cinegrafistas filmaram a ex-secretária de Estado democrata Hillary Clinton sorrindo.
Claudia Sheinbaum, presidente mexicana, cumprimentou Trump, mas cobrou “diálogo e respeito” ao vizinho. Por sua vez, o presidente panamenho, José Raúl Mulino, avisou que o Canal “é e continuará sendo do Panamá”.
Brasileiros em situação ilegal nos Estados Unidos alternam sentimentos de apreensão e angústia. Natural de Gonzaga (MG), Enivaldo Oliveira Santos, o “Pitó”, vive na Filadélfia (Pensilvânia) desde 2018 como não documentado. “Medo, medo, não tenho, não. Uma cisma a gente tem. Vamos esperar três meses para ver o que vai acontecer. Mas, se ele cumprir tudo o que está falando aí, não vai ficar brasileiro aqui, não. Brasileiro vai tudo embora”, disse. “Os Estados Unidos são movimentados por nós, imigrantes. Somos nós que pegamos serviço pesado”, acrescentou. Pitó acredita que Trump poderá apenas fechar a fronteira. “Não tem lógica ele mandar todo mundo embora.”
Biden
Além da reversão das 78 ordens executivas assinadas pelo antecessor, Trump declarou guerra à Biden, ao acusá-lo de corrupto e traidor. “Durante muitos anos, um establishment radical e corrupto extraiu poder e riqueza dos nossos cidadãos, enquanto os pilares da nossa sociedade estavam quebrados e, aparentemente, em completo abandono”, afirmou o republicano.
Apesar de não ter citado diretamente o nome de Biden, Trump acusou o democrata de uma “traição horrível”. “A minha recente eleição é um mandato para reverter, completa e totalmente, uma traição horrível e todas essas muitas traições que ocorreram. E para devolver ao povo a sua fé, a sua riqueza, a sua democracia e, na verdade, a sua liberdade”, disse o presidente. “De agora em diante, o declínio da América acabou.”
O Tempo MS News é um portal de notícias online que traz informações relevantes e atualizadas sobre o dia a dia do Mato Grosso do Sul. Com uma equipe de jornalistas experientes e comprometidos em levar ao público as notícias mais importantes do estado, o portal se destaca por oferecer conteúdo de qualidade em tempo real.
© Tempo MS News - Todos os direitos reservados, design por Argo Soluções