Organização criminosa baseada em Dourados é alvo de operação da PF

Antônio Coca

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (1), a Operação Romeu Sierra Índia investiga o funcionamento de empresa de investimentos sediada em Dourados e que agia em todo o Brasil sem autorização da do Ministério da Economia através da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Isso favorecia a empresa atuar com a lavagem de dinheiro e praticar diversos crimes financeiros.

Aproximadamente 80 policiais federais cumprem 2 mandados de prisão preventiva, 2 mandados de prisão temporária, 19 mandados de busca e apreensão nas cidades de Dourados, Campo Grande, Ponta Porã, Naviraí, Porto Murtinho, Amambai, no Mato Grosso do Sul e Franca (SP) e Maringá (PR).

A 5ª Vara Federal da Cidade de Campo Grande, especializada em crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, autorizou também o sequestro e bloqueio de mais de R$ 40 milhões em bens móveis e imóveis da organização criminosa, bem como valores depositados em contas bancárias dos investigados, totalizando 44 ordens judiciais.

De acordo com a Polícia Federal, as investigações tiveram início em 2020 após uma comunicação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM de que em Dourados funcionava uma empresa dedicada à captação de recursos de terceiros, para fins de investimentos no mercado de capitais, sem autorização da CVM. Ao longo das investigações logrou-se êxito descortinar o funcionamento de organização criminosa especializada na captação de recursos de clientes sob a promessa de ganhos vultosos com aplicações no mercado financeiro de valores mobiliários.

A empresa investigada contava com um sofisticado e convincente sítio de internet, onde em seu manual de investimentos explicava aos clientes a forma como trabalhava e os principais tipos de produtos oferecidos. Todos com uma rentabilidade muito acima do mercado. A área do cliente, acessado através de login e senha individual, contava com gráficos e planilhas explicativas onde eram discriminados os valores investidos e os ganhos auferidos com as supostas aplicações em bolsa feitos pela empresa em nome dos clientes, como se de fato fosse uma corretora de valores.

A empresa possuía faixas de investimentos, cujo rateio dos ganhos era feito da seguinte forma: Investimentos de R$ 1.000 até R$ 50 mil e 50% dos ganhos eram do cliente e os outros 50% da empresa; Investimentos acima de R$ 50 mil, 70% dos ganhos eram do cliente e o restante da empresa. Há casos em que investidores aplicaram na empresa mais de R$ 200 mil.

O principal investigado, como forma de convencer potenciais investidores, se apresentava aos clientes da empresa como um dos maiores especialistas em aplicações diárias no mercado de capital, também conhecido como “day trader”, do país, o que as investigações provaram não ser verdade. Segundo levantamentos realizados, a maioria dos valores investidos no mercado de capitais resultou em grandes prejuízos para os investidores.

Com o aprofundamento das investigações, descobriu-se que pelas contas bancárias da empresa investigada em 2 anos circularam mais de R$ 60 milhões, parte dos quais, segundo os próprios investigados, foi remetida para Londres, no Reino Unido, após decisão da CVM de barrar as atividades da empresa, já que essa não possuía autorização do órgão regulador, para operar no mercado de capitais.

Pelo descumprimento reiterado de suspensão de uma ordem da CVM para suspender as operações, também conhecida como Stop Ordem ou Stop Loss, os sócios formais da empresa foram multados em R$ 600 mil.

A investigações apuraram que a empesa era composta por três grandes núcleos. Uma integrada pelos sócios e pelos responsáveis pela aplicação dos valores no mercado de capitais, os quais se locupletaram da maior parte dos valores investidos pelos clientes; outro pelos corretores, responsáveis pela captação dos recursos dos investidores, para aplicação no mercado de valores mobiliários; e outro pelas ações de logística, já que a empresa, a fim de enganar os clientes.

Eles montaram uma grande e organizada estrutura para enganar os clientes que contava com página na internet, programas de gerenciamento de investimentos e um sofisticado manual do investidor. No auge do funcionamento a empresa chegou a contar com mais de 2 mil clientes em todo o país.

A empresa investigada é alvo de dezenas de ações cíveis em todo o estado, nas quais os investidores lesados cobram na justiça a devolução dos valores aplicados e indenizações por danos morais e materiais. O líder da ORCRIM também é investigado em outros estados pela prática de crimes semelhantes. Uma parte considerável dos investidores lesados é composta por policiais de diversas instituições de segurança pública do estado. Os nomes das pessoas envolvidas não foram divulgados pela Polícia Federal e a operação ainda está em andamento.

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