Polícia Federal prende amigos de Temer e ex-ministro

Amigos do presidente Michel Temer foram presos pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (29) na Operação Skala, que investiga decreto presidencial que favoreceu o setor de portos. Entre os alvos está o ex-assessor de Temer, o advogado José Yunes, que foi preso temporariamente, em São Paulo. A prisão, com validade de cinco dias, ocorreu após decisão autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o Blog de Andréia Sadi.

O ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi, o ex-coronel João Baptista Lima, e o dono da Rodrimar, Antônio Grecco também foram presos. Outro preso é Milton Ortolan, auxiliar de Rossi. Grecco, que é investigado por ter sido beneficiado pelo decreto de Temer, foi detido no interior de São Paulo e a PF também vasculhou a sede da Rodrimar, em Santos.

O ex-deputado federal Wagner Rossi foi ministro da Agricultura nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, em 2010 e 2011. Em 1999 e 2000, Rossi presidiu a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), estatal administradora do porto de Santos. Rossi é pai do deputado Baleia Rossi, líder do MDB na Câmara.

Já o ex-coronel da Polícia Militar João Baptista Lima é apontado pela Procuradoria Geral da República (PGR), com base na delação da JBS, como um dos intermediários de propina que supostamente seria paga ao presidente no caso do decreto de portos. Lima é dono da empresa de engenharia e arquitetura Argeplan.

“Prisão inaceitável”

Em nota, a Polícia Federal afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso, por determinação do Supremo. O advogado José Luís Oliveira Lima, que defende Yunes, divulgou nota para comentar a prisão do seu cliente. “É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimado ou mesmo espontaneamente compareceu à todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania”, escreveu.

Yunes pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência da República em dezembro de 2016, após ter sido apontado pelo operador financeiro Lúcio Funaro, delator da Operação Lava-Jato, como um dos responsáveis por administrar propinas supostamente pagas ao presidente Michel Temer. Segundo a delação, a lavagem de dinheiro era disfarçada com investimentos de valores ilícitos na incorporadora imobiliária de Yunes.

Mula

Em fevereiro do ano passado, José Yunes afirmou que recebeu um “pacote” em 2014, em seu escritório em São Paulo, que teria sido entregue por Funaro, atendendo a um pedido do então ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Ele negou ter conhecimento do conteúdo do pacote, mas que havia recebido antes uma ligação de Padilha pedindo que ele recebesse documentos que seriam depois retirados de lá por um emissão. Yunes afirmou que foi uma “mula involuntária” de Padilha.

Estão presos na Operação Skala: José Yunes, ex-assessor de Temer, Antônio Celso Greco, sócio da empresa Rodrimar, Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura, Milton Ortolan, assessor de Wagner Rossi e coronel João Baptista Lima, amigo do presidente Temer.

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