Correio Braziliense
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deverá ser a ausência mais eloquente nos funerais do senador John McCain, 81 anos, herói da Guerra do Vietnã e um dos legisladores mais respeitados do Congresso, morto na noite de sábado de um câncer cerebral agressivo, diagnosticado em julho de 2017.
De acordo com a imprensa americana, o próprio McCain teria pedido expressamente, há alguns meses, que Trump — adversário frontal do senador, embora ambos fossem correligionários no Partido Republicano — fosse representado nas cerimônias pelo vice-presidente Mike Pence. Os ex-presidentes George W. Bush, também republicano, e Barack Obama, o democrata que derrotou McCain na eleição presidencial de 2008, farão os elogios fúnebres na Catedral Nacional de Washington. O político deve ser sepultado no cemitério da Academia Naval de Annapolis, vizinha à capital.
Sintomaticamente, na reação à notícia, Trump limitou-se a manifestar “pêsames e o mais sincero respeito à família” do senador, sem fazer menção à trajetória política e militar de uma figura pública reverenciada com unanimidade, acima das divisões partidárias. A primeira-dama, Melania, agradeceu a McCain “pelo serviço prestado” ao país.
Obama, adversário do veterano político na disputa pela Casa Branca, escreveu que, embora sendo um democrata, compartilhava com McCain “a fidelidade aos ideais pelos quais gerações inteiras de americanos e imigrantes lutaram e se sacrificaram”. George W. Bush falou do correligionário como “um homem de convicção e um patriota no mais alto grau”. As homenagens foram unânimes também no exterior, da parte de líderes como a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o chefe de governo de Israel, Benjamin Netanyahu.
Além do compromisso inarredável com o sentimento patriótico, John McCain construiu reputação como um legislador capaz de tomar atitudes independentes, embora tenha sido leal ao Partido Republicano, a legenda que abraçou desde que ingressou na vida política, em 1981, conquistando uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Texas.
Desde 1987, ocupava uma das vagas no Senado pelo Arizona. Como um dos líderes do Comitê das Forças Armadas, McCain apoiou incondicionalmente a invasão do Iraque, em 2003, no governo de Bush, e criticou duramente a retirada de tropas ordenada por Obama, que governou de 2009 a 2017. Isso não o impediu de dar o voto decisivo, no ano passado, para derrubar a proposta de Trump para revogar o programa de saúde implantado pelo antecessor democrata.
Herói de guerra
Nascido em 29 de agosto de 1936, na Zona do Canal do Panamá, filho e neto de almirantes de quatro estrelas — o posto máximo na hierarquia da Marinha —, John McCain seguiu a tradição da família e formou-se em 1958 na Academia Naval de Annapolis.
Menos de uma década depois, voava como piloto de caça conduzindo missões de bombardeio sobre o Vietnã do Norte. Em outubro de 1967, foi capturado depois de seu avião ter sido atingido pela defesa antiaérea durante ataque à capital norte-vietnamita, Hanoi. As forças inimigas o recolheram em um lago, com ambas as pernas e um braço fraturados.
McCain retornou aos EUA apenas em 1972, com as sequelas da tortura sofrida como prisioneiro de guerra. Sua imagem de herói começou a ser construída pela recusa a uma oferta para ser libertado, quando os captores o identificaram como filho de um almirante e vislumbraram no gesto uma oportunidade de propaganda. O jovem oficial respondeu que só aceitaria sair depois de todos os prisioneiros capturados anteriormente.
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