Vereador eleito relata que 4 vereadores foram eleitos com apoio de facção em Cuiabá

O vereador eleito, Rafael Ranalli (PL) de Mato Grosso, causou polêmica nas últimas horas ao afirmar que uma facção criminosa ajudou a eleger pelo menos quatro futuros colegas parlamentares em Cuiabá. Segundo ele, o grupo criminoso teria investido R$ 3 milhões em cada campanha. Policial federal, ele disse que moradores de bairros foram coagidos a votar nos candidatos apoiados pela facção criminosa.

“Os caras estão investindo fortemente. Temos, no mínimo, quatro eleitos com o apoio do Comando Vermelho, que chegou a botar R$ 3 milhões em cada candidato. É um absurdo, porque vamos perder espaço para o crime organizado. Se eles fecharem com os bairros, terá uma lista de vereadores e os bairros só votarão neles. Coisa medonha”, disse.

Diante da insistência da imprensa sobre nomes ou partidos dos envolvidos, Ranalli preferiu não especificar. “Eu sofri represálias e a influência deles é muito determinante. Tem candidato que fez três mil e poucos votos sob influência do Comando. Eles não deixam outro candidato entrar no bairro, obrigam a comunidade a votar. Os eleitores só comentam, não querem gravar e dar depoimento à polícia. Vamos ter que achar outras formas de provar [as acusações]”, afirmou.

O futuro parlamentar municipal também considerou que o crime organizado visa ampliar a influência sobre os Poderes e que os demais vereadores eleitos estão “preocupados” com a autoridade dos faccionados sobre a Câmara Municipal. Segundo defende Ranalli, os parlamentares devem se unir para conseguir provas contra os eleitos com o apoio da facção.

O político policial diz que é preciso cortar as raízes de influência do crime no Poder Público e citou que a porta de entrada é a política. “Estando na política, eles vão permeando as secretarias, então a secretaria não fará nada nos bairros que não apoiarem o Comando. Com influência da política, eles também podem chegar à Justiça, porque às vezes o meio político indica cargos no Poder Judiciário”, afirmou. Para o liberal, se o legislativo não se unir e agir com coragem, em breve, ganhará um novo apelido. “Temos que ir para cima, senão daqui uns dias passa de Casa dos Horrores para a Casa do Comando”, completou.